quinta-feira, 15 de outubro de 2009

EU

Gosto de silêncio. E por isso muitas vezes não ouço música, na esperança de que o silêncio me abrace mas, como li algures só alguns seres muito evoluídos espiritualmente o conseguem. Então, em vez do silêncio ouço o burburinho dos meus pensamentos. Por vezes parece que tenho vários cérebros tal a quantidade de pensamentos e conversas imaginárias que se desenrolam simultâneamente. Mas sim, gosto de música...de muitos tipos, sem títulos, dependendo da ocasião (neste momento está a «passar» o cd velhinho de Coldplay, bem baixinho).
Gosto de ler livros, bons livros no meu entender, porque desde que me dê para tirar uma frase, uma lição, um sorriso, uma alegria, são sempre bons livros. Alguns autores melhores que outros. Uns mais conhecidos, uns de estilo mais complexo, outros mais simples. Espirituais, romances, biografias... tal como a música depende muito da ocasião (tenho à minha frente um acabadinho de chegar como presente da minha mana: «leite derramado» de Chico Buarque). Não digo que sempre leio vários livros ao mesmo tempo, mas é frequente. Neste momento leio quatro e não, não os confundo porque são todos tipos diferentes de literatura...dois ainda não tinha lido os outros estou a reler. Também posso ler um livro em dois dias e passar uma semana sem ler. O meu maior defeito a nível de leitura é não fixar o nome do autor e título do livro, o 2º é ler demasiados livros e não saber onde li determinada coisa! Na adolescência o meu irmão chamava-me «a devoradora de livros»!
Gosto de beber água, não fresquinha como toda a gente, mas natural (ou, arrepiem-se se quiserem, tépida). Beber água - além de, como a toda a gente, matar a sede - dá-me uma sensação de pureza, de limpeza, de purificação; dá-me imenso prazer e gosto de todas as águas, desde que não sejam da torneira. Chamem-me o que quiserem mas desinfectantes não me dão essas sensações boas.
Gosto de caminhar todos os dias, de preferência a ver o mar. A caminhada é o meu oxigénio do cérebro, do pensamento, dos sentimentos. É a caminhar que readquiro equilíbrio, boa disposição, energia. É a caminhar que falo com os meus botões, com o meu Deus, com o meu Anjo, com aqueles que me são queridos e com quem não tenho certas conversas talvez por falta de vontade, ou de coragem. É a caminhar que invento as minhas histórias, crio fantasias, tenho os meus sonhos com final feliz. É muitas vezes a caminhar que tomo decisões, tenho inspirações, encontro soluções.
Gosto de dormir enroscadinha, posição fetal e abraçada a mim mesma, pulsos cruzados por cima do coração. Assim consigo amar-me, aceitar-me, respeitar-me porque me sinto só mas no bom sentido da palavra. Assim consigo sentir protecção, sinto que crio um escudo à minha volta onde nada de mau conseguirá entrar, fico no meu casulo, a me desenvolver para de novo nascer. Assim consigo libertar o meu espírito em mil viagens e ir aonde me leva o coração, viajar até ao(s) ser(es) amado(s).
Gosto de rir, de dar gargalhadas estrondosas mas bem compostas, com alegria verdadeira mas sem estardalhaço que incomode quem está por perto. Sei que às vezes incomoda na mesma, porque o ser humano é assim, não pode ver a alegria dos outros sem se sentir incomodado por não o estar a sentir também.

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