sábado, 6 de novembro de 2010

De sempre minh' alma

*

É difícil não pensar, é difícil não recordar, desistir sem querer...
Não consigo passar à fase seguinte sem viver o desapego...deixar os meus sonhos, desejos, anseios.
Não aguentava mais sofrer e por isso bloqueei os meus sofrimentos, as minhas dores, as minhas mágoas.
Mas quando não me vem à memória por muito tempo, manifesta-se por angústia e ansiedade que parecem aparecer despropositadamente; quando o coração está resguardado destes sentimentos, ao mesmo tempo que o pensamento se abstrai em outros assuntos, aparece sob a forma de dores físicas. Por vezes dói tanto que passa dos músculos ao esqueleto.
Deixo de poder ignorar que me faltas, que me deixaste e eu te deixei fazê-lo. Tenho que recordar o beijo que começamos, o abraço que nunca demos, o sentir que nunca foi sentido mas sempre desejado, o amor puro em essência que esta vida não nos deixou pôr em prática ainda.
Deixo de poder relembrar que já nos vi juntos, já nos senti como um só, e que esse sentir é tão forte e real que não posso deixar de acreditar nele.
A esperança não morre, a fé também não. É o ir mais à frente e voltar atrás porque o aqui e agora do plano físico não acompanha o plano espiritual sem tempo.
É impossível deixar de ser possível crer, como só pode ser possível amar-te porque o amor não tem escolha quando encontramos a nossa essência no corpo de outrem.
Juntos vamos mais longe embora sós sejamos mais rápidos...serás mais rápido que eu a te sentir só? Serás mais rápido do que eu a te sentir perdido sem mim? Serás mais rápido que eu a viver a ilusão de outro amor? Eu fui mais rápida do que tu a perceber que, por muitas voltas que dês, voltarás sempre a este amor e todos os outros não te preencherão nem trarão a felicidade que aspiras.
Vivo por mim, por ti, pelos seres que gerei e pelos que amei e amo na minha breve passagem por este caminho.
Viverei satisfeita com o que consigo produzir, com o que consigo transmitir, com a minha contribuição para o bem e o amor geral.
Viverei feliz por ter breves momentos de felicidade nesta vida alegre e triste, doce e amarga, cheia e vazia, luminosa e obscura, sempre confiante que também o serás por que sempre, de sempre, desde sempre, como sempre e para sempre permaneceremos juntos num só coração mesmo que os nossos corpos não se cruzem, nem os nossos espaços se toquem.
Sei que me sentes como te amo.
Tua...

*

Nenhum comentário:

Postar um comentário