sexta-feira, 5 de março de 2010

"Never ending story..." (I)

*

«Alguma vez te tornarei a ver? - perguntou (...) - Espero que sim - disse finalmente.

(...)
Quer dizer, tu entras na minha vida e vira-la de pernas para o ar, e agora vais-te embora.
(...)
«Parece que te conheço desde sempre. Podemos fazer com que isto resulte, se tentarmos. Eu posso vir cá ou tu podes ir a (...). De uma maneira ou de outra podemos tentar, não podemos?
- Quantas vezes poderia ver-te? Uma vez por mês? Menos que isso?
- Não sei. Acho que isso depende de nós e daquilo que estamos dispostos a fazer.
Penso que se ambos estivermos dispostos a ceder um bocadinho, conseguiremos fazer isto funcionar.
Ele fez uma longa pausa. - Achas mesmo que é possível, se nos virmos tão poucas vezes? Quando poderia eu abraçar-te? Quando poderia eu ver o teu rosto? Se nós nos virmos de vez em quando, não poderemos fazer as coisas que precisamos fazer para... continuar a sentirmo-nos da maneira como nos sentimos. De cada vez que nos víssemos, saberíamos que seria apenas por alguns dias. Não haveria tempo para que alguma coisa pudesse crescer.
(...)
- Não queres tentar, então? É isso que estás a dizer? Queres simplesmente esquecer tudo o que aconteceu...
Ele abanou a cabeça. - Não... não quero esquecer. Não consigo esquecer. Não sei... quero apenas poder ver-te mais vezes do que parece ser possível que venhamos a conseguir.
- Também eu. Mas não podemos, por isso vamos apenas fazer o melhor que pudermos. Está bem?
... abanou a cabeça quase indiferente. - Não sei...
(...)
Não sei porque me sinto desta maneira... Gosto verdadeiramente dela... Só que... não sei. Não sei se serei capaz de continuar com isto.
(...)
- Talvez simplesmente não estivesse destinado a acontecer. Quer dizer, ela nem sequer aqui vive. Vive a mil quilómetros de distância, tem a sua própria vida, os seus próprios interesses. E eu aqui, a viver aqui e a levar uma vida completamente diferente.
Talvez ela ficasse melhor com outra pessoa, alguém que pudesse ver regularmente.
Pensou no que tinha dito, sabendo que não acreditava em si próprio.
- Quer dizer, como é que podemos construir uma relação se não nos vemos com frequência.
Se ela vivesse aqui, e eu pudesse vê-la todos os dias, penso que me sentiria de maneira diferente. Mas com ela longe...
(...)
Simplesmente não consigo ver como é que poderemos fazer isto funcionar. Já pensei muito no assunto e não vejo como poderia ser possível.
(...)
- A mim parece-me que estás a arranjar desculpas... a tentar convencer-te a ti próprio...»

in « As palavras que nunca te direi»

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