quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Casal LAT ( Living apart Together)
«Embora nem todos estejam familiarizados com o termo, a sigla LAT (Living Apart Together) pode ser considerada uma nova forma de família, que ganha adeptos no mundo inteiro. Entende-se por uma relação LAT uma união em que duas pessoas se assumem como casal mas optam por viver em casas separadas.
Se, por um lado, a generalidade das pessoas anseia por, mais tarde ou mais cedo, juntar os trapinhos, por outro, existem pessoas para quem esse passo acarreta mais desvantagens do que vantagens para a viabilidade da relação.
Algumas destas pessoas já foram casadas, divorciaram-se e chegaram à conclusão que a rotina pode estragar o amor. Por isso, optam por não voltar a “cometer o mesmo erro”. Reconhecem que se amam, até podem voltar a casar, mas não dividem o mesmo tecto.
Há quem justifique esta opção através de um ou mais motivos. Por exemplo, esta é uma opção útil para algumas famílias reconstruídas que receiam o contacto diário entre padrastos ou madrastas e enteados – evita-se a responsabilidade de ter que cuidar dos familiares do cônjuge. Noutros casos, um dos cônjuges tem a seu cargo um familiar idoso e a decisão está associada à dificuldade de partilhar esta responsabilidade. Os “fardos” não são partilhados e o que sobra é a parte positiva.
Note-se que estas pessoas sentem-se apoiadas, sentem que podem contar com o outro em momentos de aflição, mas decidem não partilhar os deveres do dia-a-dia.
Outro motivo apontado diz respeito ao facto de os cônjuges trabalharem geograficamente distantes um do outro. Amam-se e ultrapassam as obrigações profissionais através da manutenção de dois lares.
Esta opção não deve ser confundida com a co-habitação alternada, isto é, os cônjuges não vivem juntos entre duas casas – cada um tem a sua. Encontram-se aos fins-de-semana e passam as férias juntos, mas no dia-a-dia a autonomia é maior.
Alguns casais chegam mesmo a afirmar que, mesmo que tivessem oportunidade de viver juntos a tempo inteiro, não o fariam. Preferem não abdicar do seu próprio espaço, ou dos seus hábitos individuais e decidem não interferir nas decisões diárias do cônjuge.
Como este é um fenómeno que atravessa todas as faixas etárias, é possível ouvir-se casais mais velhos defenderem que, através deste formato, podem conviver com os filhos e com os netos sem que o outro se sinta obrigado a fazê-lo também.
Entre os casais mais novos é possível encontrarmos casos em que os cônjuges até vivem com outras pessoas (pais, irmãos, colegas, amigos), mas deliberadamente não avançam para uma união tradicional.
Daí que o fenómeno também atravesse todas as classes sociais: embora saia mais caro viver em casas separadas, as despesas podem ser partilhadas com outras pessoas. Claro que há despesas extra: gasta-se inevitavelmente mais dinheiro em chamadas telefónicas e em viagens.
Como partilham a ideia de compromisso, a fidelidade não está em causa. Daí que estas relações não devam ser confundidas com uniões abertas a experiências amorosas paralelas (ainda que isso possa ser verdade em situações excepcionais).
A ideia passa por manter as qualidades dos tempos de namoro, evitando os obstáculos da vida de casados no sentido tradicional.
Há relações duradouras, mas nem todas as pessoas que adoptam o formato vivem em função do “…até que a morte os separe”. Por outro lado, os filhos não são encarados como fundamentais para uma relação feliz.»
«A PSICÓLOGA, Cláudia Morais»
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